Conforme nos traz a autora Silva
(2012, p.16) segundo a psicóloga Maria Helena Souza Patto, citada por Bossa (2007,
p.39), cabia à psicologia, por meio dos testes de inteligência, buscar a
comprovação de que a capacidade intelectual do sujeito era resultante de
aptidões naturais e humanas, herdadas geneticamente. E no que concerne à
escola, os testes psicológicos procuravam explicar as diferenças de rendimento
dos alunos, justificando o acesso diferenciado aos diversos graus de
escolarização.
A partir desse pensamento, constata-se que o
enfoque orgânico foi o primeiro a orientar médicos, educadores e terapeutas na
definição dos problemas de aprendizagem no início do século XX. No que se
refere ao surgimento da psicopedagogia, observa-se que a psicopedagoga francesa
Janine Meri citada por Bossa (2007, p.39), faz algumas considerações sobre as
variações em relação ao que lhe é conferido hoje pelos diversos profissionais
da área. Ainda, segundo Bossa (2007, p.42) o professor Lino de Macedo afirma
que como é sugerido no termo psicopedagogia, essa é uma nova área de atuação
profissional que busca uma identidade e requer uma formação de nível
interdisciplinar.
Há inúmeras definições de
inteligência. Cada teórico ou cada linha teórica defende a preponderância de um
ou outro aspecto para defini-la. Há aqueles que falam da capacidade do
indivíduo de adaptar-se a novos ambientes ou situações, enquanto outros
defendem a capacidade de resolver problemas. Gardner (1996), pesquisador que
investigou as múltiplas inteligências, entende por inteligência a possibilidade
de criar algo que possa ser aceito dentro de uma cultura. A origem da palavra
remete ao conceito de compreensão como a característica de uma pessoa
inteligente.
Dentre inúmeras possibilidades
de definição, dois aspectos mais aceitos entre os teóricos: compreensão e
capacidade de resolver problemas. Compreender o mundo e suas relações e ser
capaz de resolver problemas de todo o tipo, incluindo a criação de novos
caminhos ou soluções, exige que se tenha um comportamento inteligente. No
ambiente escolar, são pensadas estratégias de ensino que buscam a participação
e a inclusão de todos os alunos, são procurados cursos de formação docente que
tratem sobre inclusão, são desenvolvidos projetos que captem os diversos
alunos, além de se investir em uma educação integral que coloque jovens e
crianças na escola e os retirem das ruas. Pensando para além da escola, é
possível notar que os demais espaços de atuação desses professores também são
atravessados por essas políticas de inclusão. É importante ressaltar
que não se pode igualar situações, ou seja, síndromes são conjuntos de sinais e
sintomas que as caracterizam e podem vir acompanhadas ou não de deficiências.
De acordo com Silva (2012) o surgimento da
área de estudo da psicopedagogia pode ser entendido a partir de duas possibilidades.
Na primeira, a autora sugere que a psicopedagogia surgiu na fronteira entre a
pedagogia e a psicologia devido à necessidade de atendimento para as crianças
consideradas inaptas dentro do sistema educacional, por apresentarem distúrbios
de aprendizagem. Como segunda possibilidade, ela refere que a psicopedagogia
pode ter surgido como uma tentativa de explicação para o fracasso escolar, por
outras vias que não a pedagógica e a psicológica.
Acrescentamos que Bossa (2007, p.21) faz duas considerações a respeito
do pensamento de Kiguel acerca do entendimento do fracasso escolar à época. A
primeira consiste no fato de que as explicações para o fracasso escolar, no
Brasil, especialmente durante a década de 1970, superavam o aspecto
psicológico, pois se baseavam em discursos que associavam as dificuldades de
aprendizagem a fatores etiológicos que envolviam quase que exclusivamente
fatores individuais, tais como: desnutrição, problemas neurológicos e/ou
psicológicos, entre outros, e a fatores psicológicos. A segunda observação
refere-se ao fato de que na época, a ideia amplamente aceita no Brasil ( e em
outros países) era a de que os problemas de aprendizagem estavam relacionados a
fatores neurológicos.
A escola é considerada uma instituição importante para o desenvolvimento
das potencialidades das crianças, no entanto, de forma significativa, neste
espaço, há crianças apresentando dificuldades de aprendizagem. Segundo Siqueira
e Giannetti (2011), vem crescendo o número dessas crianças que apresentam
dificuldades de aprendizagem nas escolas. Os mesmos autores destacam que em
torno de 15% a 20% das crianças no início da escolarização apresentam
dificuldade de aprendizagem.
Mediação
Para que uma interação possa ser
chamada de mediação, deve-se ter a intenção de ensinar e fazer tudo para que
isso seja realizado da melhor forma possível, bem como deve-se conquistar a
atenção do indivíduo para ajudá-lo a utilizar o conhecimento que vai sendo
construído em outros contextos ou momentos da vida deles. É importante
ressaltar que não se pode igualar situações, ou seja, síndromes são conjuntos
de sinais e sintomas que as caracterizam e podem vir acompanhadas ou não de
deficiências. Deficiência intelectual é diferente de transtorno de déficit de
atenção hiperatividade (TDAH), que é diferente de dislexia, que é diferente de
problemas de ensinar, metodologia ou falta de oportunidade ou regularidade da
escolarização.
Além dessas características
universais, o mediador deve também, ajudar o indivíduo a desenvolver um
saudável sentimento de competência, mediar a autorregulação e o controle do
comportamento para que a impulsividade ou a falta de qualidade não prejudiquem
o trabalho, incentivar a pessoa a compartilhar o conhecimento que vai sendo
construído, interagir de forma a potencializar suas personalidades e
considerá-los sempre como indivíduos únicos e especiais, ajudar a valorizarem o
estabelecimento de objetivos para os estudos, o trabalho e a vida.
Desafiar os mediados a crescerem
e a aprenderem cada vez mais, mostrar sempre sua crença na própria capacidade
de mudança, evidenciando que todo processo leva a se desenvolver cada vez mais,
mediar a alternativa positiva, ou seja, ensinar a fazer escolhas certas na vida
e lutarem por elas, fazendo-as acontecer, e por último, mediar o sentimento de
pertença, ou seja, o sentimento de que eles não estão sozinhos, mostrando-lhes
que a escola, a equipe de professores e a família querem e desejam o
desenvolvimento deles sempre.
Contribuição da psicopedagogia na relação família e escola
Segundo
Oliveira (2009, p.92) pensar sobre o funcionamento da família e da escola
requer do psicopedagogo a inserção em diversos sistemas, pois sua intervenção
vai considerar a complexidade de seu campo de atuação. Sendo assim, aborda-se
um tema em que o pensamento sistêmico será pano de fundo para referenciar o
fazer psicopedagógico.
Ao considerar o processo
de aprendizagem como resultante de uma
construção que envolve as relações do sujeito que aprende, nos vários contextos
em que está inserido, a psicopedagogia não pode deixar de se preocupar com o
processo relacional que se estabelece entre escola e família. Os pressupostos
teóricos abordados pela psicopedagogia no que diz respeito ao caráter
relacional da aprendizagem não se baseiam na visão de um sujeito cognoscente
estático, portador de características imutáveis, que possivelmente podem
desviar do considerado normal ou adaptado, caracterizando a patologia da
aprendizagem inscrita no próprio sujeito.
A proposta teórica e
prática da psicopedagogia procura subsidiar o pensamento do profissional
envolvido com a relação família-escola de maneira que a visão anterior seja
transformada. Dessa forma, contextualizada na perspectiva do pensamento
sistêmico, a psicopedagogia compreende a existência do sujeito cognoscente,
vinculada às relações que estabelece com as instituições a que pertence. A
patologia da aprendizagem não pode ser compreendida como uma falta individual,
mas como uma confluência de fatores que envolvem vigorosamente família, escola
e sujeito, estabelecendo uma rede de relações sociais. Esses elos relacionais
revelam uma nova configuração da responsabilidade, antes localizada no próprio
sujeito, agora distribuída nas configurações relacionais que o sujeito
estabelece.
RAZÃO E EMOÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM
O maior desafio do mundo da informação é como organizá-la e
que num momento necessário possa aplicá-la, na evolução das conquistas humanas,
como ferramentas decisórias na construção do conhecimento. O ser humano, pensa,
sente, age. Atualmente ao enfrentar o mundo da informação apenas com a razão,
não é melhor caminho para as convivências sociais.
A informação
mal compreendida, mal armazenada, significa o mesmo que confusão mental, o que
se pretende é chegar ao conhecimento, crítico, inovador, reflexivo. Por isso, o
educador torna-se responsável em apontar pistas, estimular e estabelecer pontes
alicerçadas para a construção efetiva do conhecimento do educando.
É necessário
pensar criativamente o cotidiano e desenvolver habilidades para enfrentar as
incertezas na educação, antes que ocorra o empobrecimento da espécie humana, e
a escola é o lugar ideal para crescer e aprender a conviver, com isso se faz
necessário uma pedagogia mais efetiva, e menos assistencialista.
O que se
pretende é que o educando alcance o topo mais amplo da existência humana, a felicidade e a capacidade de lidar com as
incertezas da vida, produzindo e reconstruindo significados para uma qualidade
efetiva da sua existência no Planeta.
O grande
desafio da sociedade da informação é estimular uma saudável relação emocional
tanto quanto racional com as informações. Sentir com a cabeça e pensar com o
coração é colocar-se em ação diante das informações. É fazer perguntas diante
das afirmações é abandonar a obsessão pela certeza absoluta definitiva.
Ensinar é
fundamentalmente aprender. Aprender a enfrentar o desafio da vinculação da
emoção com a razão no processo de conhecer e, além disso, enfrentar o desafio
de criar recursos, instrumentos, estratégias táticas e operacionais que
mobilizem, no educando, sua emoção em paralelo com sua razão.
Considerações Finais
A psicopedagogia, admitida como esforço de articulações de
conhecimentos produzidos por ciências tão distintas quanto a biologia, a
psicologia, a medicina, a lingüística, a sociologia, é de todo modo, de acordo
com os autores que a reivindicaram, uma realização da educação escolar, no
âmbito da escola e da sala de aula; não uma realização em clínicas e
consultórios, ou por um modo clinicalista de analisar os problemas pedagógicos.
A avaliação configura-se numa ação pedagógica processual e
formativa, que analisa o desempenho do aluno em relação ao seu processo
individual. O docente deve criar estratégias considerando que alguns indivíduos
podem demandar ampliação do tempo para a realização dos trabalhos propostos, de
informática ou de tecnologia assistiva como prática cotidiana. Devido a
importância da psicomotricidade para a vida do indivíduo, é imprescindível
pensar em como auxiliar alunos através de atividades psicomotoras, as quais
devem ser efetivamente oportunizadas a eles.
A avaliação psicomotora tem grande valor, pois possibilita ao
professor verificar se os conhecimentos e as atividades propostas estão
adequados e cumprindo suas funções. Lembrando que no que diz respeito às
funções do grupo familiar quanto ao processo de aquisição do conhecimento, a
criança toma como principal objeto de interação os membros do grupo familiar e
as relações dos mesmos entre si e com os objetos em função de uma escala de
valores.
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