Pular para o conteúdo principal

Aprendendo sobre Filosofia

 

Fonte: Brasil Escola

 

Entende-se como estética filosófica para o ensino médio um direcionamento à formação continuada de docentes para esse nível de formação básica. Existem questões cruciais para o entendimento do debate travado na Atenas socrática (470399 a.C.), período áureo que marca o despertar da filosofia como conhecimento de si, até o último século no Brasil. Mais que respostas prontas, é necessário refletir e aprender a historicizar o conceito de Belo e a duvidar da existência de um padrão de gosto universal e atemporal. Em um mundo cada vez mais dominado pelas linguagens visuais, sonoras e cênicas, as reflexões têm seu mérito, dentre outros, de problematizar a complexa relação entre aparência e realidade.

                Ciência da arte não cabe dissolver as diferenças, mas pode oferecer um mínimo de determinação para que se possa enxergar e compreender o múltiplo, o desigual, as tensões, condições essenciais à construção de um mundo norteado pelo verbo transformar.

        A escola é um espaço de transformação constante, onde diferentes debates surgem e se renovam a todo tempo. Sendo assim, é compreensível e quase natural que certos assuntos não sejam aprofundados da forma como deveriam no ambiente acadêmico e no processo de formação do professor. Entretanto, todos os diferentes temas relativos ao ambiente escolar e à educação devem ser tratados com a devida importância, tendo em vista o papel da instituição no processo de formação do indivíduo.

            Para favorecer a compreensão dos elementos que compõem o processo de ensino e aprendizagem da filosofia no ensino médio, é importante realizar uma análise dos elementos que permeiam o cotidiano escolar, refletindo sobre as concepções de sujeito nesse contexto, a função da filosofia e os aspectos inerentes à aprendizagem filosófica. O objetivo desta pesquisa é de ampliar os conhecimentos sobre saber manipular as ferramentas tecnológicas, incluindo reflexões e ações didáticas reestruturando a consciência do profissional numa sociedade tecnológica, inclusive procurando lançar luz às práticas pedagógicas do ensino da filosofia em seus termos gerais.

Filosofia e Filosofias[1] um desafio entre tantos outros, a ser enfrentado por aqueles que intencionam adentrar uma sala de aula para ensinar filosofia, tanto na educação básica como no ensino superior, está relacionado à própria compreensão acerca da natureza do conhecimento filosófico.

            Se a filosofia for considerada tomando como referência somente a história do pensamento filosófico ocidental, poder-se-á identificar linhagens de pensadores que se sucedem desde o século VI a.C.: os filósofos comumente conhecidos como pré-socráticos, os sofistas, passando pelos pensadores do período grego clássico e helenístico,e, então avançando ao longo dos períodos medieval, moderno e contemporâneo. Em cada um desses períodos, surgiram diferentes filósofos, com seus sistemas filosóficos, ou com explicações totalizantes sobre a natureza, o ser humano, a política, a ética, a estética, etc.

            Conforme Chaui (2003) o que distingue uma filosofia de um sistema filosófico é a lógica da explicação totalizante deste último, que geralmente é sustentada por uma concepção de mundo, uma teoria do conhecimento, uma visão política, ética, estética, etc. É, portanto, a lógica interna do pensamento filosófico do filósofo que, ao eleger um ponto central em torno do qual todos os outros elementos de sua filosofia orbitam, possibilitando identificar determinado sistema filosófico.



[1] MENDES, A.A.P. Didática e metodologia do ensino de filosofia no ensino médio. Editora Intersaberes. 1 Ed. Curitiba, 2017

 Nas sociedades modernas, embora ainda não universalizada, a educação consolidou-se como um direito social, especialmente a escolar, que, no Brasil, é requisito básico para o exercício da cidadania e de práticas sociais.

Atualmente, a educação brasileira, é normatizada pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, pela Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9394/96) e pelo Plano Nacional de Educação para 2001-2010. Assim, o Ensino Médio constitui-se como um dos níveis da Educação Básica, formada ainda pela Educação Infantil e pelo Ensino Fundamental (BRASIL, 1996). Conforme nossa legislação, essa etapa de estudos tem por finalidade assegurar ao educando seu desenvolvimento, com vistas ao exercício da cidadania, assim, como oferecer subsídios para prosseguir seus estudos e progredir no mundo do trabalho.

            No geral, os estudantes do Ensino Médio, são predominantemente adolescentes e jovens. Nessa idade, além das vivências próprias dessa fase, eles estão se preparando para assumir o papel de adultos, tanto no plano profissional, quanto no social e familiar, o que faz deste um período de muitos atravessamentos. Assim, entender os estudantes do Ensino Médio, significa superar uma noção de homogeneidade e percebê-los como sujeitos com valores, comportamentos, visões de mundo, interesses e necessidades singulares.

            Para tanto, faz-se necessário oportunizar aos jovens contato com as novas perspectivas culturais, a fim de, efetivamente, expandir seus horizontes e, ainda, dotá-los de autonomia intelectual, assegurando-lhes, assim, tanto o acesso ao conhecimento historicamente acumulado como à produção coletiva de novos conhecimentos, sem se esquecer de que a educação também é, sobremaneira, especialmente no contexto brasileiro, chave para o exercício dos demais direitos.

Sistema Filosófico

Para explicitar resumidamente o que é um sistema filosófico, deve se fazer uma analogia deste com o Sistema Solar, o qual é composto por diferentes astros, entre eles o sol, astro principal, e os planetas que orbitam, ou seja, o Sol determina a órbita dos demais astros. Imagina-se , por exemplo, a filosofia de Platão como um sistema no qual todos os componentes que a constituem giram em torno de um centro de gravidade, ou seja, sua concepção de origem do conhecimento: o mundo das ideias (idealismo). Ou, então, pode-se pensar sobre o sistema filosófico de Aristóteles que todos os elementos de sua filosofia orbitam em torno da premissa de que a verdade é extraída do mundo real (não ideal), por meio da razão, fazendo uso da lógica formal (realismo). Poderia assim dizer o mesmo de Descartes e do racionalismo, de Bacon e Hume e do empirismo, de Kant, Marx, entre outros.            

 A abordagem sociocultural[1] tem origem no trabalho de Paulo Freire e no movimento de cultura popular, com ênfase principalmente na alfabetização de adultos. Pode-se caracterizá-la como abordagem interacionista entre o sujeito e o objeto de conhecimento, embora com enfoque no sujeito como elaborador e criador do conhecimento.

            Na abordagem sociocultural, o fenômeno educativo não se restringe à educação formal, por intermédio da escola, mas a um processo amplo de ensino e aprendizagem inserido na sociedade. A educação é vista como um ato político, que deve provocar e criar condições para que se desenvolva uma atitude de reflexão crítica, comprometida com a sociedade e sua cultura. Dessa forma, deve levar o indivíduo a uma consciência crítica de sua realidade, transformando-a e melhorando-a. Sendo assim, o aspecto formal da educação faz parte de um processo sócio cultural, que não pode ser visto isoladamente.



[1] SANTOS, Roberto Vatan. Abordagens do processo de ensino aprendizagem. Jan.Fev.Mai. 2005. ANO XI. Nro.40.

 A filosofia faz parte das ciências humanas[1], podendo ser diferenciada de outros níveis de conhecimento, como senso comum, teologia, conhecimento espiritual, artes e ciências. A integração entre elas é necessária. O conhecimento chamado de senso comum é aquele adquirido no contato direto e diário com a realidade. São crenças e opiniões empregadas com objetivos práticos. É basicamente desenvolvido por meio dos sentidos e não tem intenção de ser profundo, sistemático ou infalível.

Teologia é o conhecimento religioso, a fé. As verdades religiosas estão registradas em livros sagrados ou são reveladas pelos deuses (ou outros seres espirituais) por meio de seres humanos iluminados, santos ou profetas.  Em geral essas verdades são consideradas definitivas, e não aceitam uma revisão decorrente da reflexão ou da experiência. Paralelamente, pode se falar do conhecimento espiritual, que não está necessariamente ligado a ideia de Deus, mas de auto conhecimento e de uma percepção total do Universo.



[1] Filosofia e ética

As artes podem também ser consideradas um tipo de conhecimento. Refletir sobre produções culturais é função de um ramo da filosofia, a estética. Diferentemente do senso comum e das artes, a ciência é racional e sistemática. Há nas ciências um movimento ondular, que parte da observação da realidade para a abstração teórica, retorna à realidade e direciona-se novamente à abstração, num constante fluxo entre a experiência e a teoria.

Protágoras e Górgias

Os historiadores da filosofia[1] costumam chamar os sofistas de mestres do ensino da retórica e da argumentação. Ocorre, que desde Platão, os sofistas foram ridicularizados como mestres da opinião e considerados pouco confiáveis, levando em conta que se acreditava ser o dever da filosofia a busca da verdade desinteressada e que esta não poderia ser empreendida por aqueles que cobravam, pelo que ensinavam, como eram os sofistas. No entanto, é difícil compreender Sócrates sem a presença dos sofistas com seus principais interlocutores nos diálogos escritos por Platão. Neles, Sócrates, como personagem principal, dialogava sobre a ética, a política, a arte, etc. com os sofistas. A maior característica do pensamento dos sofistas é o relativismo. Como não estavam preocupados em ensinar um conteúdo a priori verdadeiro, já que este não existe, eles se dedicavam a exercitar o método de construção de verdades.

            Protágoras desenvolveu o método da antilogia ou antilógico, e é atribuído a ele o axioma, “o homem é a medida de todas as coisas, daquelas que são por aquilo que são e daquelas que não são por aquilo que não são”(Reale; Antiseri, 2005, p.76). Górgias, por sua vez, tomou o niilismo como ponto de partida para estruturar seu pensamento, por meio da persuasão sustentada na retórica, que é a arte de bem falar. Seu niilismo é manifesto no seguinte axioma, composto por três argumentos “1) nada é ou existe; 2) mesmo que existisse algo não poderia ser conhecido; 3) mesmo que pudesse ser conhecido, não poderia ser comunicado a outrem” (Simpson, 2011, p.2).



[1] MENDES, A.A.P. Didática e metodologia do ensino de filosofia no ensino médio. Editora Intersaberes. 1 Ed. Curitiba, 2017

Sócrates e Platão

Sócrates está inscrito no sistema filosófico de Platão. No sistema platônico, ao contrário do proposto pelos sofistas, a verdade tem conteúdo a ser ensinado, o que determina sobremaneira o método de ensino. Para compreender como e para que Sócrates utilizava seu método filosófico, precisamos considerar dois elementos importantes de seu contexto histórico: 1) A democracia ateniense era fortemente influenciada pelos sofistas, razão porque os historiadores da filosofia atribuem grande influência do pensamento relativista destes no desenvolvimento político ateniense baseada na democracia. 2) O segundo elemento importante para se compreender o método filosófico de Sócrates pode ser encontrado na filosofia de Platão.

            Ao contrário dos sofistas, ele não era relativista e defendia a existência de uma verdade ideal, absoluta e perfeita. Essa verdade, como forma de conhecimento, é inata, pois está na alma. Uma vez que a alma já esteve no mundo ideal e migrou para o mundo dos homens, ela traz dentro de si todas as verdades. A educação, portanto, ao contrário do que pensavam os sofistas, consiste em fazer o indivíduo lembrar tudo aquilo que está em sua alma, mas que esta, ao ocupar um corpo, acabou esquecendo. Pensando como Platão, Sócrates acreditava que há sim uma verdade eterna, imutável, perfeita, etc.                  

  Aristóteles

Para Aristóteles, a filosofia nasce da perplexidade do ser humano diante dos fenômenos da natureza. Ao contrário de Platão, que concebia a admiração como uma atividade da alma diante do conhecimento, o realismo aristotélico busca em bases materiais os fundamentos da origem da filosofia – por exemplo, o modo como os filósofos da natureza (pré-socráticos) desenvolveram, na Ásia Menor, o pensamento em busca de um princípio como origem do ser (arché). Por isso, para Aristóteles, diante dos fenômenos da physis, o ser humano fica perplexo.

            Na obra Metafísica, Aristóteles desenvolveu esse tema ao investigar as características gerais da sabedoria como modo de buscar o conhecimento sobre a origem e as causas do ser, ou seja, partindo da admiração, os seres humanos buscam a filosofia como uma ciência universal ou como meio de fugir da ignorância e chegar ao conhecimento. A perplexidade com os fenômenos da natureza, é portanto, o primeiro passo para reconhecer a própria ignorância e buscar o conhecimento sem nenhum interesse utilitário ou imediato, apenas para conhecer os fenômenos que deixam os seres humanos perplexos.

René Descartes

Pensador do século XVII e pai do racionalismo moderno, René Descartes ofereceu-nos um elemento fundamental para a produção do conhecimento filosófico. Ele toma como ponto de partida a busca por evidências racionais, com base nas quais se pudesse chegar ao que ele considerava o conhecimento seguro e verdadeiro, livre tanto das opiniões originadas nos sentidos quanto das crenças e tradições de pensamento sustentadas na autoridade. Por isso, em busca de um caminho seguro para chegar a certezas indubitáveis, Descartes propôs, em primeiro lugar, a suspensão do juízo como regra básica. Assim, ele propôs o exercício da dúvida metódica em relação a tudo o que conhecia e pensava ser verdadeiro até então. Propôs-se, então, a não acolher nenhum juízo se esse não se apresentasse de forma evidente e distinta.

            Esse filósofo refutou criteriosamente todo tipo de certeza que impunha ao juízo, como conhecimentos obtidos por meio dos sentidos, uma vez que estes o conduziam ao erro, já que originados das percepções sensoriais. Estas não seriam confiáveis, pois, se já nos enganaram uma vez, poderiam nos enganar sempre.

Kant e Hegel: ensinar a história da filosofia ou ensinar a filosofar?

O questionamento por Kant e Hegel é sobre a possibilidade de ensinar a filosofia no sentido da transmissão do pensamento dos filósofos, a fim de que o estudante possa primeiro, apropriar-se do pensamento dos filósofos para somente depois, começar a filosofar por si mesmo; ou, se somente é possível ensinar a filosofar, uma vez, que o sujeito pensante tenha autonomia de pensamento e possa então filosofar, ou seja, realizar o exercício de pensar filosoficamente, sem precisar refazer o percurso dos filósofos clássicos tal qual está registrado na história da filosofia.

Texto Filosófico na sala de aula

 As teses filosóficas de Thomas Kuhn começaram a ser elaboradas quando, após a conclusão do seu doutorado em Harvard, em 1952, ele ministrou um curso sobre temas das ciências da natureza (tais como a física, a química e a biologia) para estudantes de ciências humanas (tais como ciências sociais, história e psicologia). A maior parte desse curso, Kuhn dedicou a estudos de casos da história da ciência, com o intuito de transmitir aos estudantes uma visão sobre o modo como as teorias científicas surgem e são sucessivamente substituídas por outras. Ao se dedicar a análises mais rigorosas de alguns textos escritos por cientistas do passado, Kuhn foi pouco a pouco se convencendo de que havia algo errado na imagem da história da ciência que havia aprendido em sua educação de cientista. À época de Kuhn, a maneira mais popular de compreender a história da ciência era encarando-a como um processo contínuo, linear e invariavelmente progressivo, direcionado à busca da verdade e à superação dos erros, dos preconceitos e – eis aí a questão – dos dogmas do passado.

Também foi decisivo para a elaboração das ideias de Kuhn o período (1958-1959) em que ele atuou como pesquisador convidado num centro de pesquisas em ciências humanas na Universidade de Stanford, nos EUA. Foi nesse período que ele formulou um de seus principais conceitos: o conceito de paradigma, que lhe rendeu tantos elogios quanto críticas dos mais diversos pontos de vista. Na sua convivência com pesquisadores das ciências humanas, Kuhn constatou que havia frequentes desacordos entre eles e que esses desacordos não se limitavam a, por exemplo, saber qual seria a melhor explicação para um determinado fenômeno social ou psíquico. Essas divergências atingiam aspectos tão elementares do trabalho desses cientistas quanto, por exemplo, quais seriam os problemas aos quais deveriam se dedicar ou quais seriam os métodos mais adequados para investigá-los. Kuhn percebeu, em seguida, que controvérsias da mesma magnitude poderiam ser identificadas também nas ciências naturais, mas que – ao contrário do que ocorre nas ciências humanas – essas controvérsias eram frequentemente alternadas por períodos razoavelmente longos de consenso e concordância entre os cientistas. Ele, então, passou a considerar que essa diferença poderia estar na base das mais expressivas diferenças que todos podem perceber nos trabalhos, de um lado, de historiadores, sociólogos ou psicólogos e, de outro lado, de físicos, químicos ou biólogos.

As ideias de Kuhn devem ainda ser tributadas à influência recebida de autores tais como Alexandre Koyré, Ludwik Fleck, Jean Piaget, Williard Quine. De todos esses, a mais notável influência para o que se lerá no ensaio a seguir talvez seja a do historiador Alexandre Koyré. Esse último foi o mais influente historiador da ciência na segunda metade do séc. XX, trazendo para essa disciplina os métodos de análise e interpretação de textos desenvolvidos pela corrente historiográfica de origem francesa, que se tornou conhecida como a concepção estruturalista da história da filosofia.

Até a década de 1960, eram raros os filósofos da ciência que se interessavam também pela história da ciência. Na maioria das vezes, a história da ciência servia aos filósofos como fonte de exemplos empregados para confirmar suas teses e, desse modo, a história reduzia-se a um inventário de anedotas ou de elogios aos feitos geniais dos cientistas do passado. Com o aparecimento da filosofia da ciência de Kuhn, emerge uma real alternativa a essa visão da história da ciência. Um dos contemporâneos de Kuhn, o filósofo húngaro Imre Lakatos, cunhou um dito que resume com muita precisão a inspiração para as ideias de Kuhn: “A história da ciência sem a filosofia da ciência é cega, e a filosofia da ciência sem a história da ciência é vazia”. Surgia, assim, aquela que depois de Kuhn passou a ser conhecida como a filosofia histórica da ciência.

Mas não seria todo e qualquer episódio histórico relativo à ciência que deveria interessar ao filósofo. Segundo a abordagem inaugurada por Kuhn, o interesse do filósofo da ciência deveria estar voltado sobretudo para aqueles momentos em que os cientistas realizam mudanças generalizadas no seu modo de ver o mundo e de praticar o seu ofício. Foi por pensar desse modo  que Kuhn concentrou sua atenção na identificação de uma estrutura, isto é, uma configuração mais ou me- nos constante de elementos que motivam e operam as mudanças mais radicais na história da ciência – episódios esses que mesmo antes de Kuhn já eram caracterizados como “revoluções científicas”.

De modo sumário, as revoluções científicas são episódios que, segundo Kuhn, dependem da seguinte configuração de acontecimentos sequenciais: ciência pré- -paradigmática (atividades desorganizadas), ciência normal, época de crise, ciência extraordinária, revolução científica e, por fim, um novo período de ciência normal e o consequente reinício cíclico do mesmo percurso. O conteúdo de cada revolução científica é, obviamente, específico de cada ciência particular. Normal- mente, após atingir um amplo reconhecimento dos seus efeitos sobre a comunidade científica, as revoluções tornam-se conhecidas pelos nomes de seus principais protagonistas: revolução copernicana, revolução newtoniana, revolução lavoisieriana, revolução darwinista, revolução mendeliana, revolução einsteinia- na etc.. O que Kuhn sustentou é que, apesar da enorme diversidade de conteú- dos entre todas essas ditas revoluções científicas, elas compartilham uma configuração comum, isto é, uma estrutura, que poderia ser descrita pelo percurso sequencial daqueles estágios acima, onde basicamente se alternam períodos de ciência normal e ciência extraordinária. Vejamos, então, com mais detalhes cada um daqueles estágios.

O estágio pré-paradigmático é o estágio embrionário de um campo de conheci- mento em vias de se tornar uma ciência. Como o próprio nome diz, ele é caracterizado pela atividade exercida por uma comunidade científica antes da aquisição de um paradigma. Mas o que é um paradigma? Talvez essa seja a pergunta que mais foi dirigida a Kuhn, seja por seus críticos seja por seus partidários. Para os nossos propósitos neste texto, podemos nos limitar a compreender um paradigma como sendo um conjunto de crenças, regras, compromissos e valores que são compartilhados pelos cientistas por um determinado período de tempo e que confere à sua atividade investigativa a unidade mínima que lhes permite constituir uma comunidade científica.

Se assim compreendemos o que seja um paradigma, o estágio pré-paradigmático deve ser, portanto, caracterizado por aqueles momentos em que uma determinada ciência é praticada sem que haja consenso entre os cientistas sobre quais devem ser as crenças, regras, compromissos ou valores que deverão ser aceitos por todos no intuito de promover a unidade e o progresso daquele campo de investigação. Esses momentos serão, assim, marcados por uma intensa competição entre diversas concepções sobre aqueles elementos estruturantes da prática científica. Cada facção em disputa é motivada pela expectativa de alcançar a adesão de uma parcela cada vez maior de cientistas até o ponto de se tornar hegemônica entre eles.

Nesses períodos pré-paradigmáticos, não deve ser surpreendente que tantos grupos ou indivíduos partam de hipóteses independentes e desconexas para investigar um mesmo grupo de fenômenos. A ausência de um paradigma comum entre eles faz com que suas pesquisas pareçam uma atividade feita ao acaso. Não há nenhum critério comum para definir o que deve ou que não deve ser de interesse investigar. Toda diversidade encontrada na natureza parece ter de ser levada em consideração. Não há limites consensuais para a exploração dos presumidos fenômenos. Nada mais natural, portanto, que os períodos pré-paradigmáticos sejam marcados por profundos debates a respeito de métodos, problemas e padrões de soluções.

CONCLUSÃO

A filosofia é compreendida como uma experiência do pensar desenvolvida por alunos e professores com base na leitura de textos propriamente filosóficos. As leituras são compreendidas como uma experiência do pensar desenvolvida por alunos e professores, discussão em sala de aula e elaboração textual.

A mediação docente cumpre função central em todo o processo de construção de reflexões junto aos estudantes. Promove a investigação filosófica e a aquisição de conhecimento.  Professores e estudantes tomam a práxis como categoria central da investigação dos problemas filosóficos da vida cotidiana e dos problemas levantados ao longo da história da humanidade.

 O espaço escolar é fundamental, pois se trata de um ambiente extremamente favorável à observação. Esse procedimento faz do professor um pesquisador, pois ele pode registrar o que vê, com a isenção de preconceitos. Assim, o estudante, ao adquirir experiências peculiares no mundo social, pode apresentar comportamentos reflexivos e criteriosos para a sociedade, pois o ambiente pode gerar estímulos diversos, traduzindo-se em reações cuja gênese se dá pela gerência da razão.

Verifica-se que o sentido e o significado do filosofar nascem da convicção de que as questões filosóficas aparecem na vida de todas as pessoas e em todas as idades. Reflexões filosóficas podem ser construídas por meio do estudo, da interlocução, interação e participação dos indivíduos. Portanto, constituir uma mediação agregadora dos interesses de estudantes e professores, fortalecendo e contribuindo com o processo de ensino e aprendizagem é essencial nas aulas de Filosofia.

REFERÊNCIAS

 BRITO, G.S., PURIFICAÇÃO, I. Educação e Novas Tecnologias. Editora Intersaberes . 1 Ed. 2012. Curitiba. PR.

 CARVALHO, F.C.A., IVANOFF, G.B. Tecnologias que educam. Pearson Education. São Paulo, 2009.

GARDNER, Howard. A nova ciência da mente. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1996.

GOMES, Profa. Mestre Walquíria Onete. Neurociência da Linguagem. 2017.

LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais. Atheneu: São Paulo, 2002.

MARTINS, Gilberto de Andrade; THEÓPHILO, Carlos Renato: Metodologia da Investigação Científica para Ciências Sociais Aplicadas. Editora Atlas S.A., 2007.

 MENDES, A.A.P. Didática e metodologia do ensino de filosofia no ensino médio. Editora Intersaberes. 1 Ed. Curitiba, 2017.

MYRES, David G. Introdução à psicologia geral. 5. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1999.

RODRIGUES, T.C. , ABRAMOWICZ, A. O debate contemporâneo sobre a diversidade e a diferença nas políticas e pesquisas em educação. Educ. Pesqui. São Paulo,  v.39, n.1 março, 2013.

 SANTOS, Roberto Vatan. Abordagens do processo de ensino aprendizagem. Jan.Fev.Mai. 2005. ANO XI. Nro.40.

 VELASCO, P.D.N.,BRAGA, R.C. A filosofia e seu ensino: reflexões a partir da perspectiva Merleau-Pontyana sobre filosofia e história da filosofia. Belo Horizoznte, 2014.

Comentários

Este conteúdo é para você!!!!!

Mindset, palavra com tradução livre do inglês, que significa configuração da mente!!

https://studio.d-id.com/share?id=007752d52ac5e27f507880945625c12d&utm_source=copy Segundo Daros (2020), Growth Mindset significa mentalidade de crescimento. Trata-se de uma teoria sobre o que influencia a inteligência e como o desenvolvimento dessa forma de pensar pode impactar na superação (ou não) dos desafios. As qualidades humanas, tais como as habilidades intelectuais, podem ser cultivadas por meio do esforço. Pessoas não apenas buscam o desafio, mas, prosperam com ele. Quanto maior o desafio mais elas se desenvolvem!!! Mergulhe nessa leitura!!!! https://a.co/d/a9Uv8Ue Meu primeiro vídeo usando Inteligência artificial... meu lema aprender a aprender......Estarei me aprimorando e se preparem para os novos vídeos!!! Desafios a serem superados, rsrsrsrs

CIÊNCIA DA RELIGIÃO

  O presente e-book se desenvolveu através de pesquisas onde foram consultadas referências bibliográficas da área, Metodologia do Trabalho Científico, a partir da abordagem qualitativa. Tendo como objetivo ampliar o conhecimento sobre Ciência da Religião a respeito da existência e dos atributos de Deus, fatos que demonstram suas qualificações e ao mesmo tempo verificar como se retratam sua belíssima e real grandeza. Verifica-se que nós seres humanos temos nossa existência limitada às dimensões físicas deste universo. No entanto, através dessa busca de um conhecimento que transcende a realidade imediata constitui a essência do pensamento filosófico, que ao longo da história percorreu os mais variados caminhos, seguiu interesses diversos, elaborou muitos métodos de reflexão e chegou a várias conclusões, em diferentes sistemas filosóficos. Palavras-Chaves: Religião. Teologia. Filosofia. https://a.co/d/6V3oBK7

Mindset e o desenvolvimento cognitivo

                                                               https://a.co/d/fb6Qekt   Aprenda mais sobre esse segredo clicando no link abaixo: https://a.co/d/fb6Qekt